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O dia que eu te disse Adeus...

  • Por Victor Oliveira
  • 11 de abr. de 2015
  • 3 min de leitura

Impressionante como mesmo tanto tempo longe de você, ainda consegue me revirar a cabeça.

Sabe amor, não sei o que aconteceu ao certo, mas é como se você nunca tivesse saido de mim, de minha vida, como se minha alma caminhasse lado a lado com a sua alma e teu coração.

Evito me lembrar daquele 4 de abril, o dia em que te disse Adeus.

Você chegou em casa de forma estranha, não me cumprimentou; foi direto aquele que era nosso ninho de amor e trancou a porta; não sabia o que estava havendo com você, fiquei com medo, senti um calafrio, algo diferente que me desesperou de forma repentina.

Você não abria a porta, eu gritava: - CARLAAA!! ABRE A PORTA! O QUE ESTÁ ACONTECENDO???

Você me ignorou...

Em um piscar de olhos, ouço você chorando; chorando baixinho, como uma criança desprotegida; fiquei angústiado. Pensei até que fosse algo relacionado a trabalho, naquele tempo andavam acontecendo alguns cortes na empresa em que trabalhava, pensei que seria algo relacionado, respeitei seu espaço.

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Desci até a cozinha, pensando no que poderia ter acontecido, peguei um cigarro...

meus pensamentos vagavam a cada trago de cigarro que dava... pensava, pensava e nada vazia com que eu ficasse calmo.

Ouço o telefone tocar, corro até a Sala: - ALÔ... ALÔ!!!

Número restrito, ligação caía...

O Telefone tocava a todo o momento, mas sempre sem resposta.. comecei a desconfiar.

Pensei em voltar e arrombar a porta, minha cabeça já estava "upside down" totalmente fora de sintônia com meus pensamentos e descontrolado junto com meu coração.

-CARLAA!!!!

Você destrava a porta.. com cara de choro, cara de que não estava nada bem, assustada com algo, ainda não saberia que ali seria o nosso último momento, o último dia de nossas vidas juntos.

-LUCAS, TEMOS QUE CONVERSAR!

Ao escutar isso meu corpo gelou, pensei logo no pior..

-NÃO DÁ MAIS LUCAS.

Sem saber o que fazer, a abracei; e entendi exatamente o motivo de tanto desespero...

Seria impossível não sentir o cheiro daquele perfume masculino em sua pele, amadeirado, diferente do tipo de perfume que gostava.. parecia até que o próprio "PACO RABANNE" havia te abraçado.

Perguntei o que havia acontecido, e você sem ter dó de meu coração, pelos 7 anos de casado que haviamos completado no dia 2, disse com tom de dor e sofrimento:

- LUCAS, AS COISAS JÁ NÃO ESTAVAM TÃO BEM, VOCÊ LIGAVA MUITO PARA O TRABALHO, ME DEIXAVA DE LADO, FALAVA SEMPRE DO JEITO QUE AS COISAS ANDAVAM NO EXTERIOR, MAS ACABOU LARGANDO DE LADO O NOSSO INTERIOR, O NOSSO AMOR.. NOSSO CARINHO.. VOCÊ SE ESQUECEU DE MIM... NÃO QUERIA QUE AS COISAS FOSSEM ASSIM... EM UM MOMENTO DE FRAQUEZA, NÃO SUPORTEI... CEDI, E ESTOU ARREPENDIDA.

Naquele momento, vi todos os nossos momentos passarem no tempo de 1 segundo por meus olhos, se transformando em lava que inundava meu coração de sofrimento, de dor; vendo todos os meus sonhos e seus sonhos de forma distante.. incoerente.. sem sentido.. Qual seria meu erro?

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Te abracei, mesmo com dor; te abracei.. olhei no fundo de seus olhos claros; aqueles olhos cor de oceano que conheci quando era apenas uma menina mimada, e que naquele momento estava me dizendo Adeus.. como um Barco triste, naquele momento você indo para o sul, eu caminhando para o norte... com pouco vento, frágil para combater o mar bravo que viria.

Beijei a sua boca, o beijo mais apaixonado que poderia dar em uma pessoa, você mordeu a minha boca, mostrando desejo e vontade; não suportei; impossível seria não beijar seu corpo todo, e pensar também que seria a nossa última noite de amor...

tocava em sua pele com sutileza.. beijava seu corpo e o via arrepiar por inteiro...

seus gemidos e sua respiração ofegante a cada vez me deixando mais louco, e cego de prazer..

Fecho os olhos e lembro a cada momento de nossa última noite.. não queria parar...

após nossa transa, vi você dormir como um anjo... te cobri e desci até a sala.

Chorei, chorei de dor deitado naquele sofá queimando cigarros de forma descontrolada.

Acabei pegando no sono sem perceber.

No outro dia quando acordei, meio confuso; dor de cabeça me atacava por tanto beber, por desespero.. Ali você já não estava mais, te gritava por todos os cantos; e a única coisa que encontrei, foi um bilhete; um bilhete junto da mesa de café da manhã, preparada poucos minutos antes que eu acordasse, colorida; com frutas; torradas; leite quente.

No bilhete, com sua marca de batom, o perfume doce que tanto gostava e com uma frase que me marcaria para sempre: - LUCAS, TE AMAREI HOJE, TE AMAREI PARA SEMPRE. ADEUS... CARLA GUIMARÃES. 04 DE ABRIL DE 1999.

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